Jul 19, 2023
Casas minúsculas são refúgio para moradores de rua em uma cidade brasileira: Goats and Soda: NPR
Por Jill Langlois Erica Lacerda de Souza, Bruce Lee Sousa e seu filho Henrique, de São Paulo, Brasil, perderam sua casa durante a pandemia, mas recomeçaram com um programa que oferece pequenas casas para
Por
Jill Langlois
Erica Lacerda de Souza, Bruce Lee Sousa e seu filho Henrique, de São Paulo, Brasil, perderam sua casa durante a pandemia, mas recomeçaram com um programa que oferece pequenas casas para moradores de rua. No início eles disseram não – parecia bom demais para ser verdade. Felipe Iruata para NPR ocultar legenda
Erica Lacerda de Souza, Bruce Lee Sousa e seu filho Henrique, de São Paulo, Brasil, perderam sua casa durante a pandemia, mas recomeçaram com um programa que oferece pequenas casas para moradores de rua. No início eles disseram não – parecia bom demais para ser verdade.
“Teve uma manhã que nosso filho pediu um copo de leite e eu sabia que não tinha para dar”, conta Erica Lacerda de Souza. "Tudo o que sobrou para comer em casa foi arroz e farinha. Não dá para uma criança."
A brasileira de 32 anos e o marido, Bruce Lee Sousa, 28, já haviam vendido os dois carros e fechado a bodega por causa das regulamentações da pandemia quando enviaram o filho Henrique, então com 6 anos, para morar com a avó materna na zona leste de São Paulo.
As contas estavam se acumulando e os outros trabalhos do casal - o dela como faxineira e o dele no lava-rápido - não eram suficientes. Quando a pandemia fechou o lava-rápido onde Lee Sousa trabalhava, eles perderam a casa que alugavam e quase tudo que havia nela.
Com algumas mudas de roupa na mochila e sem ter para onde ir, os dois acabaram morando no Terminal Barra Funda, no centro de São Paulo. Eles esperavam que dormir no chão da movimentada estação – um enorme centro central para os ônibus, metrôs e trens da cidade – fosse mais seguro do que ficar nas ruas.
Isso foi em julho de 2020.
A família ex-sem-abrigo na sua pequena casa. Um pouco menor que uma garagem para um carro, tem espaço suficiente para sala e quarto conjuntos, cozinha compacta com geladeira, pia e duas bocas para cozinhar e banheiro com chuveiro quente. A iniciativa da microcasa é uma forma pela qual São Paulo está tentando ajudar o crescente número de cidadãos desabrigados. Felipe Iruata para NPR ocultar legenda
A família ex-sem-abrigo na sua pequena casa. Um pouco menor que uma garagem para um carro, tem espaço suficiente para sala e quarto conjuntos, cozinha compacta com geladeira, pia e duas bocas para cozinhar e banheiro com chuveiro quente. A iniciativa da microcasa é uma forma pela qual São Paulo está tentando ajudar o crescente número de cidadãos desabrigados.
Três anos depois, a vida deles teve uma reviravolta notável. Nos últimos seis meses, Lacerda de Souza e Lee Sousa moram com o filho em uma casinha. Eles são uma das 37 famílias do bairro Anhangabaú beneficiadas por um novo programa em São Paulo chamado Vila Reencontro. É uma das formas como esta cidade de 12 milhões de habitantes está a tentar ajudar o seu número crescente de pessoas sem abrigo – cerca de 53 mil em Março deste ano, contra 44 300 em 2019 e 48 600 no ano passado.
As pequenas casas de São Paulo fazem parte de um esforço global para resolver a questão crítica de encontrar casas para aqueles que, devido à pandemia e outros factores económicos, estão entre os mais de 150 milhões de pessoas desabrigadas em todo o mundo.
Uma fileira de casinhas em São Paulo — parte de um programa municipal no centro da cidade inaugurado no ano passado. Marco Storel para NPR ocultar legenda
Uma fileira de casinhas em São Paulo — parte de um programa municipal no centro da cidade inaugurado no ano passado.
Vila Reencontro é um dos dois programas em São Paulo que começaram durante a pandemia para manter as pessoas abrigadas enquanto a inflação e o desemprego disparavam. O outro – chamado Morar Primeiro, ou Viva Primeiro – é liderado pela organização sem fins lucrativos Fundo FICA e pelo padre Julio Lancellotti, um padre católico conhecido por seu trabalho pioneiro com pessoas desabrigadas. Embora ambos tenham sido inspirados pela mesma filosofia e tenham objetivos semelhantes, eles adotam abordagens ligeiramente diferentes para ajudar as pessoas a sair – e permanecer – das ruas.